
Um poema para São Paulo
São Paulo:
Há tantas
Às tantas
É a cidade do tanto
Tanto de gente
Tanto de prédios
Tanto de carros
Tanto de motos
Tanto de rios
Tanto de prédios
Ah, quantos prédios
Tanta gente
Mas, assim, tanta gente,
Que chega até a ter todo tipo de gente
Tem gente feia
Tem gente bonita
Tem pobre
Tem gente rica
Tem gente que engana
Tem gente que acredita
Tem gente, rios de gente,
E gente que nem nasceu ainda
Tem gente morta
Tem gente torta
Tem gente fria
Tem gente porca
Tem gente, mas como tem gente quente!
Tem gente colorida
Tem gente como tem vida
Tem cor de cinza
Tem cor preto
Tem branco, tem violeta
Tem pardo, tem mulato
Tem branco, amarelo, tem albino
Tem índio, tem povo africano
Japonês, alemão e italiano
Tem gente, tem tudo quanto é gente
Tem manos
Tem mães
Tem pães
Tem gente que nasceu e não sabe o que faz
Tem gente que não nasce mais
Tem tios
Tem tias
Tem primas
São Paulo tem todo tipo de famílias
As de sangue
As de nome
As de jogo
De bandeiras
De coração
De sujeiras
De torneios
De azaração
São Paulo tem postes
Tem pontes
Tem mapas
Tem Norte
Tem leste, zona Oeste, zona Sul
São paulo tem rodízio
Tem filas
Tem linha azul
Tem linha vermelha e até linha lilás
São Paulo tem gente, tem gente demais
São Paulo tem gente, ah como tem gente,
e ainda cabe mais
Porque São Paulo é o tipo mãe teimosa
Que nunca dá com o pé atrás
Pode ser pobre
Pode ser nobre
Pode ser até você
Para São Paulo, tanto faz
Não importa as origens da moça ou do rapaz
São Paulo te recebe
Seja cavalo, tartaruga ou lebre
Seja a peste
Seja o poste
Seja o rio,
O mineiro, baiano ou o norte
Até carioca
Pode ficar e montar uma oca
Não importa
São Paulo tem coca
Tem povo
Tem pó
Tem morte
Tem barraca
Tem Avenida
Rodopista
Faixa branca
Preta, vermelha, faixa azul
São Paulo tem blues
Tem samba, tem rock, tem pop
Sertanejo
Tem libras
Tem desprezo
Tem aconchego
Tem top
Tem topo de Itália
Tem carnavália
Tem bastilha
Cultura, cegueira, tem Luz
Tem escuridão
São Paulo tem patrão
Tem ladrão
Tem empregada
Tem dinheiro
Tem dívida
Tem gentalha
Tem pecado
Em São Paulo se encontram o certo e o errado
Do lado contrário
Uma salada de opostos
Com azeite de impostos
O embate, a emulsão de água e óleo
Em São Paulo a vida se mistura
Nunca acaba
Não foge à luta
Permanece
Na alegria ou na tristeza, no calor ou na frieza
Na Saúde, na Sé, na doença, na fé
No excesso ou na falta
Na pobreza ou na riqueza
Na dor ou no amor
São Paulo se constrói no ardor
Do descalçamento
São Paulo permanece nas ruas
O rio da vida continua
Na cidade que não dorme
Mas cochila
Na cidade que lhe é
Como é a vida
Uma coisa estranha
Mas precisa
Partindo com asas
Rumo ao precipício
A cidade sã
Sem juízo
👏