Exposiçaõ art of the brick Nathan sawaya

Sem crônicas — Vômito de poeta

Izabella Cristo
2 min readJun 21, 2021

--

Aconteceu do poeta esquecer de escrever sobre qualquer outra coisa que o valha, pois o teísmo da vida lhe esmaga, lhe impedindo de pensar em anedotas.

As histórias da mente por ora estão mortas, pois, por vez, escrevermos somente memórias.

O poeta já não sabe se a literatura imita a vida ou a complementa. Se a sustenta, transforma ou inventa. Ou se nem tenta. O poeta já nem sabe onde está. Na vida , às vezes há de vagar.

Certas ocasiões o poeta só escreve. Não embeleza. Não conta. Só espanta.

Espanta os velhos hábitos, os espantalhos, os fantasmas, os murmúrios do faz de conta.

Alguns humanos conseguem ignorar, mas o poeta não: ele nunca fica alheio. Rabisca forte, escreve feio, deságua anseios e medos. Pinta e orna em letras tortas o desespero, para sentir o mesmo descer macio e manso pelos dedos.

O poeta bem que poderia aprender a separar a parte que escreve, da parte que vive. Descolar a mente que cria criaturas malignas daquela insiste em enfrentar o oco duro da realidade. Mas eles são lados da mesma face.

A vida não imita a arte. É a vida que a faz. Sem olhos, não há o que se enxergar detrás. A arte constrói os pedaços de vida contida e desalinha.

É a lenha dessa fogueira de sentimentos, angústias e pensamentos da experiência humana.

É o saber, o rumo, o estudo do desconhecido, do inexplorado, do acaso dentro de tudo que eu conheço e que menosprezo. Até mesmo do invisível ou insensível a mim.

A arte é o copo de vida que transborda, faz nascente, por não caber em si e na própria mente no cálice do conhecimento.

É um descontentamento, contente de que em algum lugar do mundo há de se fazer presente.

💕👏

Trocar ideias?

Instagram

Twitter

--

--

Izabella Cristo

Me Escondo Aqui. Escritora✒️, Cirurgiã🔪Mãe👻,em relacionamento sério com as palavras. Livros: Vida Nada Moderna, Retratos da quarentena. www.izabellacristo.com