Poesia. – Liberdade
No Baú da Perfeição
Caixo e encaixo qualquer coisa
Qualquer coisa que caiba
Que valha
Que vaza
Que seja
Moça
Preciosa
Qualquer anedota
Qualquer proa
Qualquer prosa passada
Antiga
Partida
Polida
Porosa
Uma Porta batida
Que evita a pista de saída
No Baú,
da perfeição
Que não se encontra conta
Arredonda
O preço da solidão
O baú
Que se encontra
Do outro lado do mundo
No fundo do mar
No fundo da gruta
Na face da Lua – aquela que nunca é vista
No plâncton
No fim do arco íris
E lá que guardo e encalho
Cicatrizes
Infelizes
Esquisitices
As quais não quero esconder
No baú da perfeição
Que não é feito de ouro
É de latão
Tesouro
Maciço
Maçarico
Pesado
Encalho o
Não pertencente
A mente esguia
A Guia
Que nunca conseguirei ser
Jogo a chave
Num enclave
Numa trave
Numa ponte
Na fonte morta
Sem moedas, sem trocas
Como abro essa porta?
Onde está a janela?
Como abre essa porta?
Só me resta
Rezar à Pandora
Pra que um dia tenha
Piedade
Dessa’lma
A la carte
E me dê
A Real
L I B E R D A D E
De verdade
