Poesia — Os outros
Outro porto, outra margem, outra costa
Outra coisa
Diferente de mim
Cada Um
Com sua forma, sua cor, seu contorno
Seu esboço, seu dedo torto
Seu receios, seus Medos, seus Desejos afins
Como o outro,
Como o campo vasto que está do lado de lá
Há de ser cinza, amarelo ou mais verde
Ou será somente imagem vista pelo meu prisma?
Ou será que o que vejo é um lampejo do que não foi ainda?
Os outros,
O tolo, o corvo, o bobo da corte
Como eu os nomeio, qual cargo os devo?
Estão todos a passeio,
Ou somos os mesmos passageiros do trem que vai embora vida afora?
O outro humano
O outro corpo
O outro plano
O outro olhos
O outro campo
Um olhar torto
Um outro Tolo, outro Bobo, outro Corvo
O outro
Como é difícil sair de Si
Largar o Umbigo
Deixar de ser si próprio
E se colocar dentro de um outro abrigo,
De uma outra agonia
Empatia